Women Composers, de Otto Ebel, publicado em 1902, pode ser baixado da internet.
É um livro em inglês, de 151 páginas, das quais, nesse exemplar
disponibilizado, falta a página 81.
Embora seja mais conhecido e citado como Women Composers,
ele tem como subtítulo A Biographical Handbook of Woman’s Work in Music. O
editor é F. H. Chandler, de N.Y., e a dedicatória se volta totalmente às
estadunidenses: “Respectfully dedicated to the Women’s Musical Clubs of
America”.
Ele pode e deve ser analisado sob diversos aspectos. Em
primeiro lugar, o número de verbetes, que são 760, mas poderiam chegar a 765 ou
um pouco mais, se conseguíssemos resgatar a página faltante nesse exemplar
disponibilizado.
Em segundo lugar, ainda não se pode afirmar que seja o
primeiro a tratar deste tema, uma vez que são resgatadas, com muita freqüência,
obras antigas que passam décadas, às vezes séculos, no esquecimento. Mas, pelo
menos, até agora, é o primeiro em seu formato: um dicionário de mulheres
compositoras, como diz o próprio nome.
Na dedicatória fica mais ampliado o sentido desse trabalho,
uma vez que o autor inclui, entre as compositoras, inúmeras musicógrafas – não
necessariamente compositoras. Essas escritoras não aparecem nas obras
posteriores sobre o tema Mulheres Compositoras, muito adequadamente; mas a
contribuição que ele nos dá, no sentido de ampliar o aporte das mulheres
musicistas, em assuntos correlatos e complementares, é inestimável.
Seu conteúdo, entretanto, extrapola a dedicatória. Ele
consigna compositoras da África do Sul (de origem alemã) (1), Alemanha (179),
Áustria (15), Bélgica (1), Boêmia (atual República Tcheca) (9), Dinamarca (5),
Escócia (6), Espanha (2), Estados Unidos (136), França (94), País de Gales (2),
Holanda (6), Hungria (3), Inglaterra (165), Irlanda (6 ou 7, o texto não é
claro), Islândia (3), Itália (41), Noruega (2), Polônia (7), Portugal (1),
Rússia (8), Suécia (5), Suíça (1) e Venezuela (1).
Otto Ebel nem sempre indica o país de origem, e a data de
nascimento e falecimento; ou só nascimento ou só falecimento. Esses dados, até
hoje, são os mais difíceis de conseguir: a data de nascimento porque às vezes é
ocultada ou negada pela compositora; ou, ainda, manipulada, como acontece
geralmente não só entre músicos, mas também entre atores e atrizes. Já a ausência
de uma data de falecimento pode significar (e isso não se pode afirmar com
certeza absoluta) que a compositora saiu de cena anos antes de falecer, e por isso
não tem seu falecimento noticiado.
Note-se que neste livro apenas 128 compositoras, das cerca de
760, têm as duas datas assinaladas. Entretanto, muitas continuaram vivendo e
atuando mesmo depois da publicação do livro, em 1902. Já as que não têm datas,
mesmo sendo de séculos anteriores, são 449. E os nomes que não têm nenhuma
informação, de data ou local de nascimento, somam 132.
A maioria dos nomes constantes nesse livro é de compositoras
nascidas no próprio século XIX, ou nascidas no século XVIII, mas vivendo parte
de suas vidas no século XIX, e nele falecendo. A data mais antiga nele
consignada é a da única compositora portuguesa, Bernarda Ferreira de Lacerda,
nascida no Porto em 1595 e falecida em 1644. Do mesmo século XVI são 5
italianas, e mais duas italianas do século seguinte. A Alemanha tem uma
compositora do século XVI e também a mais antiga de todas, Roswitha, cuja data
de florescimento é 980 – pleno século X.
Num estudo posterior, indicaremos as outras quatro obras que
conhecemos sobre o tema, editadas a partir dos anos 1980. Comparando os
verbetes poderemos concluir, ou pelo menos ter uma aproximação, de quanto a
pesquisa, de 1902 para cá, evoluiu no sentido de completar dados.
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