terça-feira, 10 de janeiro de 2012

ONEYDA ALVARENGA, CLORINDA ROSATO E MÁRIO DE ANDRADE - Parte III

Alguns dos depoimentos sobre as obras que Clorinda Rosato doou à Discoteca Oneyda Alvarenga (na época Divisão de Discoteca e Biblioteca de Música) entre 1979/81 esclarecem pontos que, sendo anotados em verbete, como é o caso do meu livro Mulheres Compositoras – Elenco e Repertório, não entram em detalhes. É o caso do texto que acompanha a cópia do Improviso para Trio, de 1936 (P 7876): “Depoimento prestado pela autora, sobre a obra: O IMPROVISO PARA TRIO foi escrito a pedido de Mario de Andrade, que havia sido seu Professor de História da Música no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde se diplomou em Piano em 1931 e como Concertista em 1933. Mario de Andrade solicitou que a obra estivesse pronta no prazo de um mês e foi atendido. / Esta foi a primeira obra que escreveu para instrumento de cordas; na época (1936) estava estudando composição com Martin Braunwieser. Não tem conhecimento de que esta peça já tenha sido executada em público. / Sua impressão sobre o Improviso para Trio: ‘Considero a obra muito cromática, talvez por influência de outras obras que ouvi na época. Eu não pensava em escrevê-la, mas depois que estava pronta achei que havia sido inspirada’. / O Improviso para Trio é dedicado à sua Madrinha de Batismo, Dona Iracema de Barros Ianini, que também tocava piano. Muitos anos depois de havê-lo composto, Da. Clorinda mandou à madrinha uma cópia. / O original cedido para ser copiado pela Divisão de Discoteca e Biblioteca de Música foi a primeira cópia (a lápis). / De acordo com o texto acima – Clorinda Rosato / Depoimento prestado à Arquivista Artística Nilcéia C. S. Baroncelli em 3.10.1979”.
Em conversa, Da. Clorinda comentou que deveria ter-se diplomado no ano de 1932, mas que, devido à Revolução Constitucionalista, os alunos do Conservatório seriam todos aprovados por decreto. Ela preferiu estudar mais um ano e diplomar-se em 1933.
O pedido de Mario de Andrade indica que, mesmo tendo deixado de ser professor dela, ele continuava orientando sua carreira.
Já a Seresta para piano, de 1939 (P 7874) teve o seguinte depoimento: “Circunstâncias da criação – A pessoa a quem é dedicada esta obra, Da. Violeta Correa de Azevedo, é esposa do musicólogo Luiz Heitor Correa de Azevedo, a quem a autora teve ocasião de conhecer em uma viagem que fez ao Rio de Janeiro. / Na mesma viagem, foi apresentada ao Maestro Heitor Villa-Lobos, que na ocasião escrevia a “Melodia da Montanha”, e que a impressionou por utilizar uma régua milimetrada na composição da melodia”.
Já o Quarteto de Cordas, que em meu livro Mulheres Compositoras vem consignado como Ensaios para Quarteto de Cordas, de acordo com o que a autora pensava sobre a obra, não tem depoimento anexo.
Cumpre esclarecer que o Improviso para Trio estava escrito a lápis em um papel que em 1979 já estava muito escurecido, de modo que não foi possível reproduzi-lo em cópia reprografada. A cópia que hoje está arquivada é de meu próprio punho, e foi reconhecida e aprovada por Clorinda Rosato. Os Ensaios para Quarteto de Cordas (P 11416) não são cópias de punho da autora, mas de copistas. Apenas o 2º. Movimento está assinado por Sylvio Bigani.