sexta-feira, 27 de maio de 2011

CLARA SCHUMANN – COMPOSITORA X MULHER DE COMPOSITOR

A pianista e professora Eliana Monteiro da Silva retoma neste livro a trajetória da mulher que é o paradigma da pianista clássica, investindo no resgate de seu trabalho de compositora. A abordagem de Eliana é muito criativa, e o livro começa com uma petição ao “Exmo. Sr. Juiz do Comitê Internacional de Música”, solicitando o reconhecimento e a manutenção da memória de Clara.

O livro é, em essência, o trabalho com o qual conquistou o título de Mestre, pela Universidade de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Amilcar Zani Netto. A história de vida de Clara Schumann é exposta em seus fatos principais, como “provas factuais”; e suas composições musicais, depois de uma relação completa das obras, um breve histórico delas e algumas análises, são colocadas como “provas documentais”.
O livro termina, no capítulo “Da sentença”, com as “Razões finais”, onde suas conclusões são incisivas.E, apesar de tecer considerações de grande amplitude em relação às atitudes do “mercado musical ocidental”, consegue resumir de modo muito claro e satisfatório a maneira como a música clássica, ou erudita, vem sendo tratada neste século pós-romântico. Não obstante o tom melancólico deste último capítulo, há uma ponta de otimismo em suas palavras finais: “Se o século XIX redescobriu a música de seus antepassados, o mundo ainda pode apreciar a música de mulheres como Clara Schumann”.

Muito bem documentado e muito bem escrito, o livro tem como ponto alto as análises, sucintas, embasadas em metodologias bem estabelecidas. Mesmo com um conhecimento restrito de análise musical, um músico consegue acompanhar o raciocínio da autora, o que abre a perspectiva do trabalho para fora do âmbito estritamente acadêmico. A análise é acompanhada de exemplos musicais.

O livro é ainda ilustrado com reproduções de imagens da Robert-Schumann- Haus Zwickau, e delicados desenhos a lápis, de Maracy Monteiro, irmã de Eliana. Faltou, todavia, uma gravação em CD, com obras de Clara Schumann, que Eliana interpreta tão bem. Fora isso, o saldo é altamente positivo, e raro, num país onde se investe tão pouco em cultura.

Que este livro seja, então, um modelo para futuros trabalhos, sobretudo sobre Mulheres Compositoras. Pois, parafraseando o final da letra do Hino a Londrina, escrita por seu avô Francisco Pereira de Almeida Jr, que diz (das lavouras de desse município):”Padrão de trabalho plantado na história”, podemos dizer que este deve ser também o “padrão de trabalho plantado na história...da música... das mulheres compositoras...”

E dos compositores também.

Um comentário:

Eliana disse...

Querida Nilcéia,

MUITO OBRIGADA pelas lindas palavras!!!!!!!!
O CD vai sair sim, agora mais ainda quero
trabalhar neste projeto!

Beijos

Eliana