quinta-feira, 25 de novembro de 2010

LE LAC DE COME - AFINAL, O QUE É?

Foi um grande, ou melhor, um enorme sucesso de público, a peça pianística Le Lac de Come, obrigatória para estudantes de piano, do ponto de vista dos ouvintes, embora contra a vontade de muitos professores. Mas não se sabe quanto tempo durou esse sucesso, uma vez que não se sabe a data da primeira edição e, ao que parece, também não se sabe quem foi a famosa Mme. Galos, que assina a composição.

Seria francesa, ou que nacionalidade teria esta pessoa, que dedica uma obra a um acidente geográfico, um lago, já famoso por ser o local de nascimento da também famosa Cósima, filha de Franz Liszt e de Marie d’Agoult?

Os que defendem a nacionalidade francesa da compositora se baseiam no título em francês e nas características da obra, que tem como subtítulo “Noturno”.

Mas temos outras características a observar, tanto extrínsecas quanto intrínsecas à obra. Primeiro, a cidade de Como pertence à Itália e, sendo muito antiga, foi berço de Plínio, O Moço, sobrinho do historiador, também Plínio, conhecido como O Velho. A descrição da erupção do Vesúvio, que soterrou Pompéia, deve-se a ele, que conseguiu escapar. São de Como, também, os papas Clemente XIII e Inocêncio XI, além do físico Alexandre Volta (1745-1827), autor de trabalhos sobre a eletricidade.

A cidade de Como fica às margens do Lago de Como, de 146 km quadrados. Lago e cidade se situam no sopé dos Alpes. Estão, portanto, no Norte da Itália, e perto da divisa com a Suíça.

Segundo, do ponto de vista estritamente musical, que independe do local onde a obra foi composta, a linha melódica se organiza da mesma forma que as canções italianas, mais especificamente as napolitanas. A essa linha melódica a autora justapôs recursos de composição pianística, como oitavas e trêmulos, que dão a impressão de dificuldades técnicas que a música na realidade não tem, e desenhou um baixo em arpejos (em 6/8) que de certa forma disfarçam suas características de cançoneta. Estas, em geral, são em 2/4.

Se tomarmos O sole mio, a mais famosa das canções napolitanas, e lhe dermos o mesmo arranjo, ela fica muito semelhante a Le Lac de Come. E se tocarmos Le Lac de Come em 2/4, sem todo o seu aparato de recursos pianísticos, ela se desveste de Noturno e se mostra como é: uma cançoneta bem italiana.

Esta é a minha opinião pessoal sobre esse grande sucesso de uma compositora. Posso até estar enganada, mas... tirem a prova!

E depois me contem.