CANTE COMIGO – LETRAS, PARTITURAS E TROVAS é uma encantadora produção infantil da compositora Renée Fonna Sizudo.
Trata-se de um livro com lindas peças infantis, das quais a maior parte das músicas e poemas são criados pela própria Renée, e entre essas criações, adaptações de trechos de ópera: O mio babbino caro, de Giacomo Puccini; Habanera, da ópera Carmen de G. Bizet; o tema do Coral da Nona Sinfonia de Beethoven e ainda a canção napolitana O sole mio, de E. di Capua. A estas peças consagradas, Renée adaptou letras infantis.
As próprias criações da autora guardam muito da simplicidade necessária às crianças e percorrem uma temática pertinente à faixa da pré-escola (Educação Infantil). O CD, muito bem gravado, tem a própria autora cantando e acompanhando-se ao piano, em uma tessitura adequada a vozes infantis.
Renée Sizudo retoma neste trabalho uma linha que foi sendo deixada a partir dos anos setenta. Mas, desde a década de trinta, grandes mestres da música dedicaram obras ao repertório infantil brasileiro, como Savino De Benedictis, Fabiano Lozano, João Batista Julião, Dinah Menezes e o próprio Villa-Lobos, entre outros, que produziram obras infantis para uso escolar.
Agora, que o ensino da música volta às escolas, esta é uma ótima sugestão, pois a gravação – possível sem restrições, nos dias de hoje – é uma ferramenta importantíssima, já que nem sempre os professores têm formação que permita a leitura das notas, nem instrumentos para leitura e acompanhamento musical. Musicalmente, Renée acertou em tudo. Mas há um “extra” neste livro: as lindas ilustrações, dela mesma, de sua filha Renée (Satomi) e das irmãs Íris e Zenaide.
CANTE COMIGO - LETRAS, PARTITURAS E TROVAS é um livro de 64 páginas, 18 ilustrações a cores e 2 a bico-de-pena, 30 canções da própria Renée, as 5 adaptações, e as 35 linhas melódicas. Foi editado pela EDICON em 2010 e pode ser encontrado na Livraria da Vila da Av. Moema. F. 5052-3540
sexta-feira, 27 de maio de 2011
CLARA SCHUMANN – COMPOSITORA X MULHER DE COMPOSITOR
A pianista e professora Eliana Monteiro da Silva retoma neste livro a trajetória da mulher que é o paradigma da pianista clássica, investindo no resgate de seu trabalho de compositora. A abordagem de Eliana é muito criativa, e o livro começa com uma petição ao “Exmo. Sr. Juiz do Comitê Internacional de Música”, solicitando o reconhecimento e a manutenção da memória de Clara.
O livro é, em essência, o trabalho com o qual conquistou o título de Mestre, pela Universidade de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Amilcar Zani Netto. A história de vida de Clara Schumann é exposta em seus fatos principais, como “provas factuais”; e suas composições musicais, depois de uma relação completa das obras, um breve histórico delas e algumas análises, são colocadas como “provas documentais”.
O livro termina, no capítulo “Da sentença”, com as “Razões finais”, onde suas conclusões são incisivas.E, apesar de tecer considerações de grande amplitude em relação às atitudes do “mercado musical ocidental”, consegue resumir de modo muito claro e satisfatório a maneira como a música clássica, ou erudita, vem sendo tratada neste século pós-romântico. Não obstante o tom melancólico deste último capítulo, há uma ponta de otimismo em suas palavras finais: “Se o século XIX redescobriu a música de seus antepassados, o mundo ainda pode apreciar a música de mulheres como Clara Schumann”.
Muito bem documentado e muito bem escrito, o livro tem como ponto alto as análises, sucintas, embasadas em metodologias bem estabelecidas. Mesmo com um conhecimento restrito de análise musical, um músico consegue acompanhar o raciocínio da autora, o que abre a perspectiva do trabalho para fora do âmbito estritamente acadêmico. A análise é acompanhada de exemplos musicais.
O livro é ainda ilustrado com reproduções de imagens da Robert-Schumann- Haus Zwickau, e delicados desenhos a lápis, de Maracy Monteiro, irmã de Eliana. Faltou, todavia, uma gravação em CD, com obras de Clara Schumann, que Eliana interpreta tão bem. Fora isso, o saldo é altamente positivo, e raro, num país onde se investe tão pouco em cultura.
Que este livro seja, então, um modelo para futuros trabalhos, sobretudo sobre Mulheres Compositoras. Pois, parafraseando o final da letra do Hino a Londrina, escrita por seu avô Francisco Pereira de Almeida Jr, que diz (das lavouras de desse município):”Padrão de trabalho plantado na história”, podemos dizer que este deve ser também o “padrão de trabalho plantado na história...da música... das mulheres compositoras...”
E dos compositores também.
O livro é, em essência, o trabalho com o qual conquistou o título de Mestre, pela Universidade de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Amilcar Zani Netto. A história de vida de Clara Schumann é exposta em seus fatos principais, como “provas factuais”; e suas composições musicais, depois de uma relação completa das obras, um breve histórico delas e algumas análises, são colocadas como “provas documentais”.
O livro termina, no capítulo “Da sentença”, com as “Razões finais”, onde suas conclusões são incisivas.E, apesar de tecer considerações de grande amplitude em relação às atitudes do “mercado musical ocidental”, consegue resumir de modo muito claro e satisfatório a maneira como a música clássica, ou erudita, vem sendo tratada neste século pós-romântico. Não obstante o tom melancólico deste último capítulo, há uma ponta de otimismo em suas palavras finais: “Se o século XIX redescobriu a música de seus antepassados, o mundo ainda pode apreciar a música de mulheres como Clara Schumann”.
Muito bem documentado e muito bem escrito, o livro tem como ponto alto as análises, sucintas, embasadas em metodologias bem estabelecidas. Mesmo com um conhecimento restrito de análise musical, um músico consegue acompanhar o raciocínio da autora, o que abre a perspectiva do trabalho para fora do âmbito estritamente acadêmico. A análise é acompanhada de exemplos musicais.
O livro é ainda ilustrado com reproduções de imagens da Robert-Schumann- Haus Zwickau, e delicados desenhos a lápis, de Maracy Monteiro, irmã de Eliana. Faltou, todavia, uma gravação em CD, com obras de Clara Schumann, que Eliana interpreta tão bem. Fora isso, o saldo é altamente positivo, e raro, num país onde se investe tão pouco em cultura.
Que este livro seja, então, um modelo para futuros trabalhos, sobretudo sobre Mulheres Compositoras. Pois, parafraseando o final da letra do Hino a Londrina, escrita por seu avô Francisco Pereira de Almeida Jr, que diz (das lavouras de desse município):”Padrão de trabalho plantado na história”, podemos dizer que este deve ser também o “padrão de trabalho plantado na história...da música... das mulheres compositoras...”
E dos compositores também.
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