segunda-feira, 5 de março de 2012

ONEYDA ALVARENGA, CLORINDA ROSATO E MARIO DE ANDRADE - IV

Outras obras que se destacam no acervo de partituras da Discoteca Oneyda Alvarenga são as peças para coral: Canto de escravos (P. 7872), Cantiga, (P. 7871), Ave Maria (P. 10.508) e Engenho novo (P. 11.413). As duas primeiras têm data de composição e as duas últimas, não.

O Canto de escravos – texto de canto de escravos de enterrar pessoas, inclusive em páteos e naves de Igrejas de São Paulo antigo, tem a seguinte observação: “Foi-me dado para musicar pelo pai de Eleonora Maria em 1937. Dedicado ao meu querido irmão Laerte.” 4 vozes masculinas.

A Cantiga, com versos de Cleomenes Campos, é de 3.6.1938, para coro a 4 vozes mistas. Dedicado à Srta. Judith Schmidt Guedes.

A Ave Maria, para 4 vozes, é uma cópia reproduzida por um sistema comum nos anos 40 ou 50, talvez mimeógrafo, reproduzindo bem as cópias impressas, mas em tamanho pequeno, de modo que as duas páginas abertas têm o tamanho de uma só. A partitura é condensada e há acompanhamento de coro e órgão ad lib. O texto é o convencional, em latim.” Dedicada à Mamãe”.

Engenho novo, tema muito apreciado pelos nacionalistas, a 4 vozes mistas, foi dedicado à Exma. Sra. Da. Anna Soares (Donana).

Em 1992, quando assumi a Chefia da Seção Técnica de Arquivo Artístico do Teatro Municipal de São Paulo, tive oportunidade de constatar que muitas das obras de Clorinda Rosato para Coral foram executadas pelo Coral Paulistano, ainda nos tempos de Mario de Andrade, constando inclusive em programas de época, por vezes com comentários.

Em certa oportunidade, comentando sobre o Canto de Escravos de Clorinda Rosato com uma amiga cantora, ela aventou a possibilidade de não haver registros corretos por parte dos informantes, que por vezes ouviram uma só vez, ou que no decorrer do tempo (esses enterros e seus cantos são muito anteriores à existência de D. Clorinda) a lembrança pode ter se dissipado na memória deles. Tendo, no Arquivo do Teatro, um outro Canto de Escravos com a mesma função, mas harmonizado por outro compositor, pude cotejá-los. E o resultado foi a mesma melodia, identicamente grafada, e o mesmo texto, com a corruptela que supostamente os escravos fariam, da língua portuguesa.